domingo, 9 de outubro de 2011

Oxalá não tivesse de dormir

Volto-me e revolto-me e desfaço-me
em rodopios violentos no colchão
pois eu só durmo na exaustão.
E nas horas de tudo isto enlaço-me
nas dactilografias da minha emoção.

Quem dera não ter de me ausentar
do báratro nocturno da realidade.
Se ao menos não tivesse de sonhar
os sonhos são um inferno de verdade
que molestam até depois de acordar.

E se eu podesse somente escrever
deixar o lápis e o caderno adormecer
por mim, sem ter de desligar no escuro.
É que sei que este sono é mais impuro
que as palavras paridas ao anoitecer.

E toda a vida sempre foi assim,
noites de castigo por dormir em mim
a dor e o abatimento de ser em vão.
Depois disto mais uma insónia tem fim
agora que o esgotamento me queima a mão.

Outro presságio estará para vir,
oxalá não tivesse de dormir...

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