quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mãe

Mesmo na angustiante incerteza,
acolheu-me teu ventre um dia.
Para gerar na novena da magia,
mais uma semente da pureza.

Aconchegos no calor do leito.
"Haverá algo mais perfeito?"

Nascente do meu alimento,
contemplante do meu sorriso.
Assim, só afecto foi preciso
para findar este crescimento.

Abraço forte na noite sombria
"Não tenhas medo da fantasia"

E se acordava, tu jamais dormias,
nas insónias da «cama do corredor».
Procurando encontrar na tua cor,
a cura que sempre trazias.

Tanta ternura num rosto de dor.
"Vais ficar bem, meu amor!"

Pintaste perfeito o meu caminho,
camuflando as lágrimas com borrões
e um pouco de aguarela nas ilusões,
na mais inteira folha de pergaminho.

Conselhos úteis na hora da loucura
"Pensa bem na consequência futura"

E assim,
acolheste, alimentaste,
curaste e preparaste,
o frágil caule que enrijeceu,
a semente etéria que floresceu.

Foste terra para me semear,
água fresca que me saciou,
o ar que me faz respirar,
A mãe que sempre me amou
e que para sempre vou amar.