sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Escrevo

Escrevo silenciosas canções
sobre todos os dilemas.
E as minhas suposições.
Escrevo, sobretudo, poemas.

Escrevo a sorte e a vida
com segurança e persistência,
na ansiedade de uma partida
aonde não leva a consciência.

Escrevo desejos de ternura
e outra torrencial de emoções.
Os ensaios da loucura
que devasta situações.

Escrevo causa e consequência,
o prelúdio das histórias.
Numa estranha indolência,
redijo marcas de memórias.

Escrevo cartas sem destinatário.
Um mapa, listas e alguma prece.
Não tenho regras nem horário,
Escrevo o que me apetece!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Delicious

Temos de admitir agora
antes que vás embora
que, quando as mãos tremem
e toda a pele se arrepia,
os lábios num ápice cedem
e sabemos que acabou o dia.

Tens de ser muito breve,
tornar este tempo mais leve.
Antes que os lábios molhados
e todo o prazer da euforia,
acabem de novo consternados
pela efemeridade da magia.

Tenho de ser interessante,
pois em qualquer instante,
sei que descerás da lua.
Quando o Sol se evapora,
passeias-te na minha rua:
apetitoso por fora,
delicioso na hora...

Já não se desfaz esta constante:
Teu prazer de me ver nua,
meu prazer de ser errante...

Poema do sofredor

Perguntou-me um dia se era feliz.
Disse que não e que assim o quis.


Jogando mais fé no papelão,
vive com ódio no coração.

Veste o que ainda pode servir,
temendo o abraço que irá omitir.

Dorme outra noite na cama errada.
Sonha com tudo, acorda sem nada.


Queima um pouco mais de papel,
ardendo-lhes as marcas do velho anel.

Comeu com mais pão cheio de bolor
e só engordaram as marcas de dor.

Chora outra noite na cama errada.
Sonha com tudo, acorda sem nada.


Venha mais fé para escrever.

Hoje será mais um dia infeliz,
por nada a não ser
porque assim o quis.