sábado, 8 de janeiro de 2011

Nestas noites

Sem saber se é permitido
contar estrelas no relvado,
por entre noites com sentido,
semeamos risos em todo o lado.

Jogos de ternura e de sorte,
partilhando um intimo segredo.
Naquela noite em que o medo
se rendeu ao abraço mais forte.

Em promessas feitas sem vontade
e à guarda da inexperiência,
cumprimos actos de inocência
só p'ra dar uso à realidade.

Encontramos sempre os beijos
nos tumores da melancolia
que só a noite evidencia,
tornando cegos os desejos.

Roubos de mágoa ou de prazer
pois a carência sai no escuro
louca ao ponto de nos dizer
que a imprudência é um futuro.

E houve noites de desinfecção
inúteis até para adormecer
em que regurgitaste o carecer
a cada golfada de traição.

Crescemos em palavras confortáveis
que nos enchiam as madrugadas
de sonhos fora das almofadas
e histórias em passeios afáveis.

Sobram-nos as de puro hedonismo.
Uma colectânea de belas canções
interpretadas pelas emoções.
Noites que dormem no saudosismo.

Nestas noites conhecemos o amor,
a raiva, a alegria e a amargura.
Nestas noites demos alma à dor,
à amizade, à tristeza e à ternura.

Estas noites de quem sente...
São quadros pintados na lua,
flores que perfumavam a mente.
Velas que alumiam o presente.

São noites que o futuro perpetua,
minhas, tuas e de toda a gente...